Saiu no VentureBeat, texto de Jeff Grubb.
Você deve ter percebido que o chefe de Xbox, Phil Spencer, está jogando sua gorda carteira pra cima e pra baixo. A companhia fez várias aquisições ao longo do último ano para melhorar seu desenvolvimento first-party. E Spencer explicou que ele ganhou este direito porque a diretoria executiva da Microsoft está mais interessada em jogos do que nunca.
Spencer subiu ao palco hoje para uma conversa na Barclays Global Technology, Media, and Telecommunications Conference em San Francisco, e ele mostrou que a divisão de games da Microsoft gerou mais de 10 bilhões de dólares de receita durante o ano fiscal de 2018 (encerrado em março). O setor de jogos terminou o período de 12 meses representando 9,4% do total de receitas da Microsoft. E ultrapassar esse número ligou algumas cabeças na Microsoft.
“Amy Hood, nossa CFO, gosta de dizer que eu cheguei ‘na planilha’”, disse Spencer durante um chat com a CNBC, “então, ela vai prestar atenção”.
ATENÇÃO É IGUAL A DINHEIRO
A Microsoft possui uma divisão de jogos desde o lançamento do Xbox, em 2001. Mas ela operou praticamente em seu mundinho até que Spencer se juntou ao time executivo do CEO Satya Nadella, em 2017. Rapidamente após esta promoção, Spencer começou a alongar os músculos e se tornar o líder de um pilar central dos negócios da Microsoft.
“Nós adquirimos e começamos sete novos estúdios first-party no último ano. Obviamente, a gente não faz isso sem um suporte tremendo de Satya e Amy.” E os sete estúdios são bem diferentes das grandes apostas que a Microsoft fez antes de assumir esta estratégia. Em 2014, a Microsoft comprou a Mojang, desenvolvedora de Minecraft, por $2.5 bilhões. E a Microsoft só fazia negócios nesta escala porque era tudo que os executivos se importavam. Mas agora que Spencer tem liberdade de investir dinheiro por conta própria, ele está fazendo negócios menores e mais estratégicos. “Nós entendemos que conteúdo é um componente crítico para o que estamos tentando construir, e o apoio da companhia tem sido enorme.”
UMA ESTRATÉGIA PARA O FUTURO
Durante seu tempo no palco, Spencer falou que conseguiu vender a divisão de games para Nadella e Hood. A companhia se transformou de uma desenvolvedora de sistemas operacionais para uma provedora de serviços, e Spencer falou sobre como a área de jogos pode agir como espinha dorsal do crescimento de serviços, como a nuvem. Spencer falou de uma das mais óbvias oportunidades, que é casar o sucesso do Xbox Game Pass com o vindouro Project xCloud, de streaming.
“Nós vamos ter múltiplos modelos de negócio que vão funcionar com streaming, mas atrelar o streaming com um modelo de assinatura faz muito sentido. Você vê isso na música, você vê isso no vídeo. Então, você pode olhar para o xCloud e para o Game Pass e pode perceber que existe uma sinergia natural.”
OLHANDO ALÉM DO AMANHÃ
Spencer mais uma vez reforçou que o futuro das plataformas Xbox parece mais com o Game Pass do que com um console. Embora um novo Xbox esteja a caminho, a Microsoft quer encontrar um oceano azul de novos jogadores/consumidores.
“Pra nós, é tudo uma questão de como vamos alcançar 2 bilhões de gamers. Se você construir um negócio em volta de algumas milhões de pessoas que vão ter um console ou um PC de ponta, então a diversidade do seu modelo de negócios pode se limitar porque seus consumidores são limitados. Mas quando você pensa em atingir um consumidor com o seu conteúdo e o único dispositivo que ele tem é um smartphone Android, você deve se perguntar, ‘bom, como essa pessoa consome conteúdo hoje, se é que ela faz isso hoje?’”.
E isto é Spencer olhando além da guerra de distribuição atual. A Epic Games, desenvolvedora de Fortnite, anunciou sua própria loja de jogos de PC esta semana. Ela se junta a extremamente popular plataforma de comunicação Discord nesse mercado este ano. Mas a Microsoft está pensando em todas as pessoas, mesmo as que não compram nenhum jogo hoje. Spencer quer dar a elas uma experiência comparável (a de um console) e uma biblioteca gigante instantânea por $10/mês.
COMO AS ESTRATÉGIAS DE SONY E NINTENDO SE COMPARAM
E uma coisa sobre a Microsoft é que ela é uma das únicas companhias com a infraestrutura de nuvem e conhecimento em desenvolvimento de jogos para fazer um sistema de Game Pass baseado em nuvem funcionar.
A Sony também tem este know-how, e até tem o seu sistema de streaming com o PlayStation Now. Mas a Sony não tem os servidores espalhados ao redor do mundo. E ela também não parece aberta a oferecer seus jogos em plataformas que não sejam o PlayStation 4. E o foco da Nintendo é vender Switchs, que é um oceano azul um pouco diferente, fazendo os jogos disponíveis para todos em qualquer lugar.
Isto deixa a Microsoft com uma oportunidade de liderar e protagonizar um serviço de assinatura baseado em nuvem, e ela vai aproveitar esta chance.
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Mais uma vez, a Microsoft mostra como mudou nos últimos anos e o Spencer reforça aquele papo de colocar o mercado de jogos como um todo à frente do que a própria divisão Xbox, com movimentos que podem impactar jogadores em todas as plataformas, pensando em um cenário mais geral e que envolva todos os jogadores. Estamos indo rumo a um futuro interessante.