Sabe Helder, eu acho que o assunto exclusividade, da forma como tem sido abordado, tem mais um caráter de fetiche do que um debate racional a respeito.
Uma coisa é ter como princípio a importância de bons conteúdos exclusivos, a outra é ter isso como único fator importante negligenciando todos os outros que compõe um console moderno, como a amplitude do catálogo e mecanismos de acessibilidade do conteúdo, por exemplo.
Lá nos primórdios dos consoles, em especial a geração 8-16 bits, haviam diversas circunstâncias que estimulavam a produção e aquisição de conteúdos exclusivos.
Uma delas foram os acordos de exclusividade publishers japonesas, como a Nintendo fazia com Square, Namco e outras, não permitindo que certos jogos chegassem para o Master System e também Mega Drive. Uma clara tentativa de monopólio.
Dado o tamanho do mercado third party na época, que ainda não tinha a dimensão que tem hoje, isso fez a Sega correr atrás para firmar seus próprios acordos, seja com artistas da época seja com publishers grandes como EA na produção e marketing de seus jogos esportivos. Aí era uma "guerra" declarada mesmo, no sentido comercial.
Naquela época as publishers eram mais reféns das fabricantes de console, sendo canibalizadas a firmar acordos de exclusividade para ter mais relevância.
Hoje, no entanto, o mercado cresceu, o panorama é radicalmente outro em comparação com a época dos 8, 16, 32 e 128 bits.
O mercado de forma geral expandiu e atingiu um tamanho nunca antes visto na história, seja em quantidade de jogos, seja em receita. Os consoles e modelos de negócio tiveram que se adequar a essa realidade, refletindo diretamente na gestão dos conteúdos.
Nunca as third partys geraram tantas receitas agora, e são estes jogos que comandam a esquadra do mercado.
Sendo assim, os jogos exclusivos hoje são apenas 1 dos tantos aspectos a se levar em conta na aquisição de um videogame.
Questão importante, mas não única questão importante.
Hoje se liga um console pra jogar e há um punhado de ofertas dos mais variados gêneros. Alguns gêneros poderiam regressar nos consoles, mas não é por "falta de exclusivos", mas por razões de mercado em geral mesmo.
E eu percebo que alguns tentam fazer uma possível entressafra de exclusivos do
Xbox ser um evento cataclísmico. Não é por aí.