Joguei um pouco do tutorial e minhas espectativas se confirmaram.
Apesar da clara consolização que mira o público que está acostumado a jogar um jogo linear e dificilmente nota as possibilidades que estão a sua frente, o jogo não deixou de lado quem já usufrui dessa variedade ao longo dos outros jogos da franquia.
A UI do jogo é marcante. Ajuda muito a mastigar toda essa informação para os novatos, mas sem poluir muito a tela. A solução de colocar os botão integrado ao alvo que você vai executar sua ação foi uma bela sacada. Uma evolução natural do que vimos em Blood Money onde você precisava ficar deslocando o seu olho pro canto superior direito pra ter certeza do que iria fazer.
Muita gente ficou chorando por conta do cover e dos instincts mas é pura besteira. Os dois acrescentam muito ao jogo. Era uma tortura querer se proteger dos seus inimigos no Blood Money quando o máximo que você poderia fazer era ficar andando para um lado e para o outro. Hoje em dia que estamos acostumado a cover e commando roll seria um retrocesso enorme. Esses movimentos ficaram perfeitamente integrados ao jogo. Quem jogou Deus EX: HR vai entender muito bem. Sobre os instincts a conversa é a mesma, quem acha que é overpowered, basta lembrar do mapa/radar dos últimos Hitmans que mostrava TODOS os inimigos do nível. Você continua achando que é overpowered ver só os inimigos que estão perto de você e a trajetória deles ? É muito menos "god like" e integrado às habilidades especiais do que Hitman do um que um radar que é capaz de pegar tudo. Aliás, radar que pega tudo é tão Splinter Cell Conviction.
Outra coisa que eu gostei muito foi enforcamento. Nenhum outro jogo nessa geração me passou uma sensação de estar enforcando alguém tão bem quanto o Absolution. Perto do enforcamento do 47, o do Dishonored parece que você está enforcando uma criança birrenta que não para de pular. Tanto a animação quanto o som quando você está executando essa ação são primorosos. Quando você opta por quebrar o pescoço então, o jogo transborda brutalidade com o famoso "clak clak" do pescoço do seu alvo. Chega subiu um frio na minha coluna quando eu quebrei o pescoço do primeiro guarda que eu vi.
Falando nisso, recomendo jogar em 5.1 seja um home theater ou um fone bacana. O sound design do jogo é brilhante. Bastante dinâmico, varia de acordo com suas ações no jogo, com o nível de alerta dos guardas. Isso agregou tanto ao jogo que mesmo quando for jogar no Purist, tenho certeza que não vou sentir tanta falta dos indicadores de alerta do guarda no HUD com um sistema tão preciso de audio. Você fica informado sobre a sua situação só pelo som do jogo.
Não terminei o prólogo, mas vendo alguns videos, eu já tive a certeza que vou sentir a falta daquele jornal onde a sua performance é mensurada em forma de notícia do Blood Money. Pra quem nunca jogou o BM, é algo como "Foram encontradas 10 cápsulas de bala no local do crime o que denota extrema eficiência do assassino em questão". Ou então o contrário, você disparar mais de 50 tiros e a notícia fala que o assassino é praticamente um psicopata. E isso era só em relação aos seus tiros, a notícia também examinava a taxa de headshots entre outros aspectos. Acredito que nesse caso é mais uma nostalgia minha do que propriamente uma involução do jogo. Gostava muito de ler aqueles jornais.
O Absolution tem facilmente um dos melhores gráficos de 2012, só deve perder pra Far Cry 3 que está pedindo uma GTX 680 pra rodar no High. A direção de arte do jogo é soberba. Um dos visuais mais completos que eu já vi nessa geração. A engine que a IO fez TEM que ser reaproveitada em outro jogo até o final da geração, é um pecado não termos mais jogos com essa tecnologia na rua. É um tranquilamente a melhor iluminação em um jogo dessa geração. Engraçado que os outros Hitmans sempre foram muito pobres nesse quesito devido a tecnologia disponível na época. Analisando apenas a iluminação o jogo saiu do 0 e foi pra nota 10 de um jogo para o outro.
Mas há vários poréns na iluminação. Certos objetos não se comportam como deveriam. Os tons de pele e superfícies metálicas são os mais críticos. Ambos não parecem refletir a iluminação, eles praticamente emanam luz como se fossem um objeto fosforescente. Nem se a careca do 47 fosse cromada emitiria tanta luz. No começo não atrapalha tanta, mas logo ficaremos cansados desse visual. De qualquer forma, não prejudica tanto o gráfico do jogo como um todo. A modelagem e a texturização de todos os personagens são incríveis, acredito que a qualidade só deve cair um pouco nas missões que tem muitos personagens na tela.
Não poder escolher sua arma é realmente frustrante. Você batalha para desbloquear certos attachments que só poderão ser usados nos Contracts. O que é uma pena. Tira boa parte de sentir a sua evolução na campanha principal. Você fica refém do que o level designer escolheu para colocar em tal parte do cenário do jogo. Soa um pouco contraditório com toda a proposta do jogo de te dar liberdade de fazer o que quiser para concluir seus objetivos. Se você quiser uma arma X tem que torcer para ela estar no cenário e ainda vai ter que dar uma boa volta nele todo. Em outra leitura, é como se o level designer dissesse pra você, "se vira com o que você tem ai nesse mapa". De qualquer forma, eu preferiria poder escolher o que eu quisesse. Bom, ainda bem que tiveram a idéia de colocar o Contracts no jogo.
Não joguei o bastante para ter uma opnião formada sobre a AI do jogo. Mas no que se trata das conversas entre NPCs, é sem sombra de dúvidas o novo marco de qualidade dos jogos. Em certa parte do cenário eu ouvi um cara conversando no telefone com o médico, dando pulos de alegria por quê "não era um câncer de próstata". Em outra ocasião, vi uma dupla de capangas tendo uma conversa muito inteligente, até que um deles deu uma tirada no outro e eles foram cada um para o seu caminho. Você sente que há vida neles. Deixa até sua consciência pesada quando mata eles. Um trabalho fundamental em um jogo com as características do Hitman. Por mais que se tratem de pixels, você vê os personagens com vida, como se eles realmente tivesses filhos, uma saúde a zelar etc. Isso brinca com a sua consciência de uma forma brilhante.
Sobre o sistema de saves, sinceramente ainda não tenho uma opnião formada. Estava muito (bem) acostumado com o prático sistema de quick-save e quick-load. Pretendo jogar mais antes de formar algum comentário nesse sentido. Em relação ao sistema de disfarces e ao enrendo do jogo também preciso de mais tempo para poder julgar com propriedade.
Bom, por enquanto é isso, joguei muito pouco hoje de manhã, e no geral era o que estava esperando. E acredito que estava certo quando disse que o Absolution iria fazer jus ao resto da franquia. Até agora não consigo dizer que o Blood Money é sem dúvida o melhor na franquia pois o Absolution faz certas coisas de uma forma muito melhor enquanto outras o Blood Money continua sendo superior. O Absolution não é uma evolução em todos os sentidos. Mas com toda a certeza vai satisfazer qualquer fã de Hitman que ficou anos esperando por uma continuação.
Parabéns IO Interactive. !thumbsup