Kotaku: Por ser o dublador do Superman você participou da dublagem do Injustice e mais recentemente do Lego Batman, quais outros jogos que você também dublou?
Eu dublei poucos jogos. Eu fiz também o Bane, acho que no (Batman)
Arkham Asylum [nota: na verdade Briggs dublou o Bane somente no último
Arkham Origins].
Eu fiz também um jogo muito antigo, nos anos 90, da (
Star Trek)
Nova Geração, que eu fazia o tenente Worf, aquele Klingon. Acho que (o jogo) devia ser só no Windows, não sei, era muito antigo [O jogo era
Star Trek: The Next Generation – A Final Unity, lançado para DOS em 1995].
Eu dublei também o Buzz Lighyear, nos joguinhos da Disney e acho que o Mickey também.
Como um dublador e diretor de dublagem, você acha que os jogos dublados em português são criticados com razão?
Sim. Eu não vejo muita qualidade (na dublagem de jogos), infelizmente. Eu não sei se a dublagem está sendo feita de forma muito rápida ou o cliente passa com uma pressa muito grande ou mesmo o estúdio não está preparado… eu não sei.
Eu vi até através do Jovemnerd, que ele faz aqueles gameplays no
Nerdplayer, ele jogando um game e o cara falava umas coisas meio absurdas, não parecia nem que a pessoas estava interpretando.
Mas assim, eu preciso jogar e ver mais, mas do que eu vi… e amigos também reclamam, veem muita coisa errada.
Outros dubladores também reclamam?
Sim, dubladores também comentam: ‘caramba, a dublagem tá ruim, parece que foi feita de qualquer maneira’. Eu já vi gente que contrata até pessoas que não são atores pra dublar os games, assim, isso é errado né? Sou totalmente contra isso.
Guilherme Briggs foi a voz do Bane em Batman Arkham Origins
Como é o processo de dublar um jogo? No que ele é diferente de um filme ou série?
É totalmente diferente. Porque no filme você vê o ator, a interpretação dele, você vê mesmo a cena. Já o jogo não, você escuta só o áudio do personagem e o texto. Aí você faz mil frases sem imagem nenhuma e se o diretor não sabe do que se trata você fica meio… “tá… E aí?”
Minha principal crítica a dublagem de games é que as vezes se perde muito no naturalismo. Aí fica aquela coisa engessada. Não gosto mesmo.
Então dublar games é um processo mais difícil
É mais difícil e cansativo dublar games, porque você não tem respiração. Você pega um arquivo atrás do outro. Você escuta e grava, escuta e grava. Tem uma hora que você fala: ‘para um pouco’.
O que você acha que pode melhorar pra dublagem de games ficar melhor no Brasil?
Teria que vir da empresa americana, japonesa, seja o que for, mandar um “bíblia” explicando direitinho cada frase, cada intenção, cada cena e também os diretores dirigirem os atores sem essa correria de fazer uma frase atrás da outra, pra fazer de forma mais natural.
Também não pode sucatear o mercado, tem que colocar empresas sérias, dubladores bons. Porque eu estou vendo que tem muita gente, assim, querendo fazer (dublagem em) games porque acha que vai dar dinheiro.
Você acompanha a cena de dublagem de games lá fora?
Ah, tem o Mark Hamil, que faz o Coringa [Ele fez o Coringa até o
Arkham City, no
Arkham Origins quem dubla o personagem é o Troy Baker]. O cara que faz o Batman também é muito bom, ele também faz o (desenho) da Liga da Justiça, esqueci o nome dele [é o
Kevin Conroy, que também só dublou o Batman até o
Arkham City].
Você acompanha o trabalho ou já ouviu falar no Troy Baker e Nolan North?
Acho que já ouvi falar desse Troy, mas não acompanho porque eu joguei mais jogos na época da Lucasarts.
Por falar nisso, como é o Guilherme Briggs jogador? O que você costuma jogar? Qual o seu jogo preferido?
Olha, eu adoro
Silent Hill, mas eu só posso jogar uns 40 minutos, porque eu fico com muito medo. Eu joguei o 2, o 3 e o 4.
E eu também sou apaixonado pela Lucasarts. Eu jogava
Rogue Squadron,
The Dig,
Full Throtlle, o
Jedi Knight, adorava aquilo.
Desses qual o que mais marcou você?
Olha, o
The Dig me marcou bastante, por que parece um filme né? E começou como um mesmo, o (diretor Steven) Spielberg iria fazer.
Se tivesse um jogo que você pudesse escolher dublar, qual seria?
Ah, eu ia queria dublar
Silent Hill. Alguma coisa de
Silent Hill. Eu gosto muito, mas tenho muito medo também.