Terminei ontem à noite e, é, a 343 Industries conseguiu fazer um Halo que está à altura dos clássicos da Bungie, no patamar que a franquia merece estar.
Sobre o gameplay, sem palavras, os elogios rasgados da internet são mais que suficientes para ver que Halo Infinite é bom de jogar, de controlar.
A adição do gancho cria toda uma nova camada de estratégia a um jogo que, desde sempre, se propôs a isso, limitando o acesso a armas para que a gente tenha que ir modificando nossa abordagem pegando outras armas. Isso vem junto a uma necessidade de reaprender a jogar, quase como um "pensar com portais" de Portal, já que ele pode ser usado para melhorar a locomoção e exploração do cenário, a movimentação durante o combate com os inimigos, até mesmo como um ataque ou acesso a armas e recursos (como os
fusion cores).
O mundo aberto é bem-vindo pela novidade, mas é, sei lá, ok? Foi o que menos gostei em Infinite. Não entendam mal, não é ruim, mas foi a impressão que tive. Quando se faz um mundo aberto, existe uma grande oportunidade de criar locais únicos, distintos uns dos outros. Assistindo hoje o trailer da
E3 2018, não temos os bandos de animais selvagens, as áreas diferentes (deserto/areia, florestas densas, neve), é tudo pedra e árvore, a mesma árvore, inclusive. Isso contribui para tornar a locomoção por esse mapa (que, reforço, é muito boa porque o gameplay é bom e os veículos que conseguimos nas bases, ao aumentar nosso nível de Valor, ajudam demais) como um empecilho entre onde estou e onde quero chear, já que é tudo igual. Tem bastante pop in de texturas também, vai chegando perto das coisas e o Master Chief vira o deus da natureza crescendo matinho e flor, e também com árvores (especialmente em veículos aéreos). É um ponto que vale ter uma profundidade maior na sequência, talvez olhar para como a Coalition fez com Gears 5, criando uma variedade maior de cenários.
Outros pontos negativos incluem a inconsistência dos checkpoints e sistema de respawn, que te joga pra fora de uma base com todos os inimigos já derrotados caso você saia do jogo e volte depois, ou que ainda reapareça com todos eles caso você se afaste um pouquinho dela. Em alguns casos, também aconteceu de eu sair do jogo em lugar X e voltar em um lugar diferente. E
o jogo travou três vezes pra mim no Series X: duas completamente, não abria nem o menu, e outra que ficou uns 10 segundos travado mas voltou. Não é um jogo bugado, só vale tomar essa nota também.
Mas vamos voltar aos positivos. Merece bastante destaque ainda
o funcionamento do trio principal Master Chief, The Weapon e "The Pilot" (que tem um nome). A química existente entre eles vai melhorando conforme o jogo avança, transformando-os em uma equipe mesmo, quase um esquadrão suicida por ser uma combinação improvável, mas que funciona.
A história parece ter voltado aos trilhos e, como acontece em Halo,
sempre tem a pintura que a gente vê e um monte de detalhes atrás, escondidos em livros e hqs e lore, mas que a comunidade dá um jeito de ir atrás para complementar. Recomendo bastante ir em tópicos de spoilers em fóruns ou no Reddit para tentar entender mais sobre acontecimentos paralelos, coisas que aconteceram entre Halo 5 e Infinite, possíveis consequências.
E, por último,
um parabéns também para os chefes. A 343i saiu de usar o Warden de Halo 5 em várias vezes (algumas, com mais de um ao mesmo tempo lol) para criar oito chefes únicos em Infinite, cada um com suas forças e fraquezas, incluindo os locais de combate que podem e devem ser explorados de diferentes maneiras para vencermos. Aqui, entram os equipamentos, fundamentais para sobreviver. Jogando na dificuldade heroico, não cheguei a ter grande dificuldade com a maioria dos chefes, alguns foram de primeira, outros morri uma ou duas vezes, mas
em quase todos existia aquela sensação de adrenalina crescendo quando a gente via que estava conseguindo diminuir a barra de vida do chefão, mas ao mesmo tempo, ele ficava mais agressivo e partia pra cima.
Coisa de terminar o encontro com coração acelerado mesmo. A única dificuldade, que travei por mais de meia hora, foi no último chefe mas nem no chefe em si, e sim na horda de inimigos que aparece antes. Natural também, já que é esperado um bom desafio na reta final.
Dito isso, estou agora assistindo a vídeos e lendo posts de canais e pessoas que entendem mais de Halo para pegar os detalhes que, pra quem não tá 100% por dentro, passam despercebidos. O que mostra como o jogo foi bem sucedido não apenas ao saciar a vontade de jogar em si, mas também de entender mais sobre essa franquia.
Parabéns para a 343 Industries e a
Xbox Game Studios.
Halo Infinite é uma volta por cima pra todo mundo:
- Para a equipe, que baixou a cabeça por muitos anos para criar o jogo;
- Para a franquia, que voltou a ter seu merecido destaque na mídia e com os jogadores;
- E para o Xbox, que tem seu carro-chefe de volta ao patamar de onde nunca deveria ter saído.