Aritana e a Pena da Harpia.
Desenvolvedor: Duaik
Plataformas: Xbox One / PC / Mac
Plataforma old school com uma mecânica inspirada e um belo retrato do folclore amazônico.
Confesso que fiquei surpreso com Aritana. Não esperava um jogo tão bem feito e com uma mecânica de plataforma tão inspirada. A história do jogo consiste em buscar uma pena de Harpia para expulsar um mau espírito que amaldiçoa o Cacique da tribo. A apresentação dos pontos chaves da história são mostrados em um estilo que lembra uma história que quadrinhos, sem texto, sem narração, mas direta o suficiente para você não se sentir perdido.
A jogabilidade é interessante. Passei boa parte do jogo tentando me acostumar com ela, pois é diferente da maioria dos jogos, principalmente por causa do mapeamento (fixo) dos controles. Pulo e mudança de postura de Aritana estão nos gatilhos, enquanto que os ataques são feitos pelo analógico da direita. Não é um layout que eu escolheria de livre vontade, mas funciona dentro de Aritana nas várias sequências de ataques aéreos, aonde alguns parecem verdadeiros puzzles.
O jogo se desenrola de forma linear, com Aritana aprendendo vários poderes e sequencias de combos novos no desenrolar da história. Infelizmente você não tem como retornar as fases anteriores para aproveitar seus novos movimentos e poderes. Os poderes de Aritana, como novos ataques e novas habilidades são obrigatórios, e você não progride na história até desbloquear eles de uma forma linear. Alguns combos estão bem escondidos nas fases, e eu mesmo encontrei apenas a metade na minha primeira partida. A jogabilidade de Aritana se divide em duas "posturas" diferentes, uma voltada para força, e outra para a agilidade. A postura de força é a única que pode realizar ataques, enquanto que a postura de agilidade dá a Aritana uma maior capacidade de pulo, velocidade, e evita que plataformas quebrem ou afundem com seu peso. Alternar entre elas no modo normal do jogo é automática, realizar um ataque durante a postura de agilidade ativa a postura de força e faz o ataque, mas é totalmente manual no modo difícil (Novo Jogo +), o que dá uma nova dimensão a já não pequena dificuldade do jogo. Outra camada da dificuldade do jogo são os inimigos com algum tipo de escudo, que impede os seus ataques de alguma direção, direcionando a forma para eliminar os inimigos de forma vertical ou horizontal apenas, e muitas vezes essa variação está relacionado ao movimento do inimigo e a posição dele na tela.
O jogo se divide em três fases, Floresta, Caverna e Montanha, e infelizmente o jogo é consideravelmente curto. Em pouco mais de 3 horas de jogo concluí o modo normal e joguei até a metade praticamente do Novo Jogo +. Ao final de cada etapa, uma luta contra Mapinguari o aguarda, que faz as vezes do inimigo principal do jogo. As lutas se desenrolam de uma forma muito similar aos clássicos da Rare para Nintendo 64, uma sequência de ataques que você tem de esquivar e três ataques ao ponto fraco do Mapinguari.
Durante o jogo também você ganha acesso ao Mundo dos Espíritos se chegar ao final da fase com 5 artefatos, aonde pode buscar a planta medicinal para aumentar a sua barra de vida. Essa fase bônus se desenrola de uma forma diferente, em um labirinto tridimensional aonde é muito fácil se perder e não conseguir achar a planta no tempo estipulado.
Sobre a dificuldade do jogo, tenho de separar em duas etapas o meu comentário. Como jogo de plataforma, o jogo em si não é difícil. Terminei no modo normal com mais de 70 vidas sobrando. Porém as sequências de pulos podem ser altamente estressantes, principalmente quando inimigos imunes aos seus ataques estão envolvidos nas sequências. Absolutamente não é o jogo de plataforma mais desafiador que já joguei, mas certamente é desafiador o suficiente para a geração leite com pera reclamar da jogabilidade diferente do título. Os caçadores de conquistas também podem se preparar para uma viagem turbulenta.
Após terminar o jogo, temos a possiblidade de começar uma nova partida como Novo Jogo +, e o jogo fica consideravelmente mais complicado nessa dificuldade. A mudança automática de postura do Aritana é completamente manual, pulou e esqueceu de mudar a postura para fazer o ataque, vai cair no buraco. Os iminigos também fazem o dobro do dano. O não achei interessante no Novo Jogo + é que você não mantém nada do progresso do jogo anterior, não mantem os poderes, combos, barra de vida maior... é meramente um modo de jogo (muito) mais desafiador.
Tecnicamente o jogo é competente. Tanto gráficos quanto som são bem feitos e relativamente em polidos. Tive um pouco de dificuldade na fase da Montanha pela iluminação que me dificultou a identificação dos pontos fracos de alguns inimigos, porém não sei se foi intencional essa dificuldade por parte do desenvolvedor. O estilo da arte nos gráficos me agradou, mas é uma questão amplamente subjetiva.
Meu veredito para o jogo é positivo na maior parte. O maior ponto negativo que achei foi justamente a duração do jogo e a pouca variedade das fases apresentadas, e certamente o maior ponto positivo foi a experiência de um jogo de plataforma competente e com uma mecânica e puzzles inspirados e bem feitos. A jogabilidade deixo como incógnita para cada jogador tirar suas conclusões. Depois da estranheza inicial não tive mais dificuldades por causa da jogabilidade, mas também como mencionei antes, não seria minha escolha se eu tivesse a oportunidade de mudar o mapeamento dos controles.
Não posso dizer que achei Aritana melhor que o meu atual benchmark para o estilo, Shovel Knight, mas é sim um jogo competente, muito bem feito e inspirado na maior parte de sua (infelizmente) pequena duração.
7/10.
